O outro

Mania humana: enxergar no outro o diferente. Exercer nele todo tipo de discórdia. E julgá-lo moralmente sem despir-se da própria moral. Ignorar suas qualidades, somente pelos seus defeitos. Fazer dele escravo do mundo. Ser-lhe indiferente. Encará-lo como pedra: o concreto que ergue "estranhas catedrais". E buscar em Deus legitimidade para isso.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Da dança que extasia qualquer eu,
No caminho fez-se o medo pelo breu.
A casa, no térreo, se envolveu
Na ausência de um cão que faleceu.

Pavor de silêncio e de barulho
desvia no banho em que mergulho,
mas retorna na iminência de um esbulho.

Quando penso que está quase no final,
o telefone queda sem sinal.
E a notícia que se alastra soa mal:
espalha como o breu num vendaval.

A paz alivia o coração
quando enfim se esvai a solidão:
a mãe, o pai e um irmão.

Paz que não compensa este pavor,
mas permite, com todo o calor,
que se sonhe sob o amparo do amor.

Nenhum comentário: