Enquanto ele acariciava seu pescoço com as pontas dos dedos, ela o contorcia para o lado contrário, como um gato mimado. Ele fazia bico, fixando o olhar nos olhos dela, e dizia que estava triste. Ela dizia que também. Depois esperava na sala enquanto ele buscava a mochila no quarto. Eles saíam pela porta coletiva do condomínio e andavam de mãos dadas até a esquina. Ela chamava um táxi. Ele a beijava, depois abraçava. Ela pedia que ele ligasse quando chegasse. Ele dizia tá bom. Ele entrava no carro e pedia a rodoviária. Ela ficava esperando-o virar o rosto para trás enquanto o motorista acelerava. Nas vezes em que ele olhava, eles se despediam num aceno de mãos. Até ele desaparecer na poeira da rua ela ficava ali, parada. Depois virava as costas e voltava para casa. E ficava aguardando ansiosamente até a semana seguinte, quando tudo se repetiria...
O outro
Mania humana: enxergar no outro o diferente. Exercer nele todo tipo de discórdia. E julgá-lo moralmente sem despir-se da própria moral. Ignorar suas qualidades, somente pelos seus defeitos. Fazer dele escravo do mundo. Ser-lhe indiferente. Encará-lo como pedra: o concreto que ergue "estranhas catedrais". E buscar em Deus legitimidade para isso.
domingo, 1 de março de 2009
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2 comentários:
Garota, é verdade! Séculos que não nos vemos... como andas, guria?
beijo,
Que lindo!!!
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