O outro

Mania humana: enxergar no outro o diferente. Exercer nele todo tipo de discórdia. E julgá-lo moralmente sem despir-se da própria moral. Ignorar suas qualidades, somente pelos seus defeitos. Fazer dele escravo do mundo. Ser-lhe indiferente. Encará-lo como pedra: o concreto que ergue "estranhas catedrais". E buscar em Deus legitimidade para isso.

terça-feira, 24 de março de 2009

A história em nossas mãos

Hoje faz cinco anos que o Armênio não governa mais a FND. Hoje faz cinco anos que vivi talvez a maior e melhor experiência da minha vida. Hoje faz cinco anos que aprendi a fazer história. Hoje faz cinco anos que vejo a história acontecer. E, por achar conveniente, cito aqui: Hoje eu sonhei contigo, tanta desdita, amor nem te digo Tanto castigo que eu tava aflita de te contar Foi um sonho medonho desses que às vezes a gente sonha E baba na fronha, e se urina toda e quer sufocar Meu amor vi chegando um trem de candango Formando um bando mas que era um bando de orangotango pra te pegar Vinha nego humilhado, vinha morto-vivo, vinha flagelado De tudo que é lado vinha um bom motivo pra te esfolar Quanto mais tu corria mais tu ficava, mais atolava Mais te sujava, amor, tu fedia, empesteava o ar Tu que foi tão valente chorou pra gente, pediu piedade E, olha que maldade, me deu vontade de gargalhar Ao pé da ribanceira acabou-se a liça e escarrei-te inteira A tua carniça e tinha justiça nesse escarrar Te rasgamo a carcaça, descendo a ripa, viramo as tripas Comendo os ovos, ai, e aquele povo pôs-se a cantar Foi um sonho medonho desses que às vezes a gente sonha E baba na fronha e se urina toda e já não tem paz Pois eu sonhei contigo e caí da cama Ai, amor, não briga, ai, não me castiga Ai, diz que me ama e eu não sonho mais Chico Buarque

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