O outro

Mania humana: enxergar no outro o diferente. Exercer nele todo tipo de discórdia. E julgá-lo moralmente sem despir-se da própria moral. Ignorar suas qualidades, somente pelos seus defeitos. Fazer dele escravo do mundo. Ser-lhe indiferente. Encará-lo como pedra: o concreto que ergue "estranhas catedrais". E buscar em Deus legitimidade para isso.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Eu, numeral

Um RG, um CPF. Um código de barras na conta da luz, do telefone. Um telefone, um endereço de IP. Um boleto bancário, um cartão de crédito. Um protocolo. Enfim, despersonalizei. Numeralizei. Meu nome? Umdoisoitosetemeiaquatronove. E o prazer é todo nosso.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

A alma e o negócio

Propaganda é a alma do negócio. E embora não tenha lá conhecimentos técnicos sobre mensagens subliminares, estruturação de slogan, pesquisa de mercado, etc, de marketing pessoal eu entendo. O Romildo, com todo respeito (à Lisa e ao Zé), é o único homem capaz de me fazer sentir mulher. Chego no salão, com aquele cabelo lambido, quebradiço, seco e duplo. Vem a pergunta: "E aí, o que vai fazer?" "O que você quiser!" - decidida! "Posso usar a navalha?" "Até um isqueiro." Polêmica, apareço de cabelo doido e provoco as mais diversas reações. No trabalho, "radical chique". Entre as amigas, "executiva bem-sucedida". Com o namorado, o previsível: "você fica linda de qualquer jeito". Na dança, "é a sua cara!". Mas uma coisa é unânime: "você tá mais alegre assim; aquele outro te deixava triste". Moral da história: tenha um bom cabeleireiro. Porque o seu cabelo, sem dúvida, é a sua alma e o seu negócio.