Faz pouco quebramos a cabeça com a santa ceia. Mil peças, uma por uma, encaixadas ao longo de uma semana tormentosa.
Não sou dada aos ensinamentos bíblicos - nunca os li de verdade - e creio penso até que, de regra, minha mania de enxergar o mundo historicamente jamais me permitiria ver naquela cena algo além de um quadro que, ao longo de muitos anos, assumiu variadas interpretações.
A minha sempre foi a de um homem que prenunciou subversivamente, antes mesmo do mercantilismo, o manifesto de 1848.
Que digam os políticos, historiadores, filósofos, teólogos e afins que é isso?! heresia histórica, epistemológica, paradigmática! Penso mesmo que a história se repete, embora, é verdade, de maneiras distintas.
Que digam os religiosos que é isso?! heresia! A eles, que têm o direito de crer, tenho procurado incessantemente uma justificativa.
E nessa busca talvez tenha encontrado naquela cena algo além de um objeto de múltiplos olhares.
A diferença entre a cena e o prenunciado manifesto é que, em vez de clamar para que os Homens pegassem em armas, aquele homem repartiu entre eles o pão, esperando e instigando, com o dom da palavra, que fizessem o mesmo.
Está aí a beleza da santa ceia neste mundo de hoje: cada peça, um milésimo da cena; e as peças, unidas umas às outras, a cena inteira, linda como deveria ser.
Chegará o dia em que o prenúncio se concretizará - a igualdade e a solidariedade entre os homens.
Enquanto isso, a cena segue fixada à minha parede e à minha história.
2 comentários:
não é tão polêmico assim, vai!
quem de bom coração não é a favor da solidariedade entre os homens?
beijo!
Sou cristão protestante neopentecostal, então posso afirmar, com conhecimento de causa (kkkkkkk) que seu texto está corretíssimo.
Postar um comentário