O outro

Mania humana: enxergar no outro o diferente. Exercer nele todo tipo de discórdia. E julgá-lo moralmente sem despir-se da própria moral. Ignorar suas qualidades, somente pelos seus defeitos. Fazer dele escravo do mundo. Ser-lhe indiferente. Encará-lo como pedra: o concreto que ergue "estranhas catedrais". E buscar em Deus legitimidade para isso.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Deus existe

No fim de semana vimos Pachamama, documentário de Eryk Rocha.

O filme em si não é bom (perde muito tempo com tomadas desnecessárias ou com outras necessárias, mas que não conseguem atingir seu objetivo). Quando a coisa começa a ficar interessante, já é hora de sair do cinema.

Mas é nessa hora em que a coisa fica interessante que se ouvem frases de um indígena explicando o significado de Pachamama - "mãe terra".

Ele esclarece que Deus é a terra e que o motivo é simples: esse Deus, a mãe terra, existe, é real. Não se trata de uma abstração ou de um ente metafísico que nunca se viu, cuja espera é eterna e cuja presença é sempre incerta. Não, ele está aí, e nos ajuda a viver de verdade, pois seus frutos são reais: a batata, o milho, o arroz...

Pachamama e seus milagres são reais; um Deus de verdade...

Alguns posts atrás falei sobre a Santa Ceia. Retomo o texto para dizer: é isso o que ela representa para mim, um momento em que vemos as coisas acontecendo e sendo compartilhadas.

E parece que é isso o que Pachamama significa para os camponeses andinos.

Enquanto nós cremos para ver Deus, eles veem Deus, plantam em Deus e colhem em Deus, tudo para crer nele.

É... parece que eles são mais racionais que nós...


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