O outro

Mania humana: enxergar no outro o diferente. Exercer nele todo tipo de discórdia. E julgá-lo moralmente sem despir-se da própria moral. Ignorar suas qualidades, somente pelos seus defeitos. Fazer dele escravo do mundo. Ser-lhe indiferente. Encará-lo como pedra: o concreto que ergue "estranhas catedrais". E buscar em Deus legitimidade para isso.

quinta-feira, 25 de março de 2010

O caso do ano

Ok, ok... sou capaz de tolerar - muito a contragosto - a presunção social de culpa do casal Nardoni. Afinal, é assim que as pessoas pensam: é preciso achar um culpado para crimes tão bárbaros, capazes de tirar a vida de uma criança que mal tinha começado a viver de verdade.

Normal, humanos que somos...

E tudo bem também que possamos nos deixar levar pelo sensacionalismo midiático (nem todos estão imunes a esse tipo de influência).

O fato, porém, em primeiro lugar, é que os sujeitos do processo não podiam ter deixado se levar desta maneira desde o começo. Estes sim deveriam ser - ou se esforçar para ser - imunes.

Mas agora, convenhamos, até a sociedade está exagerando: é sádico demais reviver essa história, que não pertence a ninguém além dos familiares de Isabella (inclusive ao pai e à madrasta). É triste demais ver as pessoas se deliciando com tudo isso, e a mídia ganhando dinheiro com isso.

Triste demais!

3 comentários:

desconjumina disse...

Ia fazer um post sobre o assunto, mas vou aproveitar o gancho. O que mais me chocou de tudo foi o fato de que alguns peritos tiraram dinheiro do bolso para comprar alguns materiais que foram usados para obter provas do caso.
Isto traz dois questionamentos:
1) e os outros milhares de homicídios no Brasil, qual esforço está sendo feito para desvendá-los?
2)se tiraram dinheiro do bolso para obter prova contra os réus e as outras linhas de investigação?

Jonara Oliveira disse...

nem me fala. Sempre que a midia parte pra essa apelação eu sumo. Este caso, aquele do João Hélio... não deixo de imaginar donos das revistas e jornais sorrindo, os diretores satisfeitos com a audiência. Tenho nojo, sinceramente.

bernardo disse...

eu não tenho uma opinião formada... é um caso tão chocante que naturalmente desperta o interesse (sádico ou não) nas pessoas. E alguns setores da mídia de fato se aproveitam, mas há também casos de coberturas comedidas, sem cair no sensacionalismo barato.