Lembro quando, logo no início do plano real, pegava ônibus com mamãe e pagava R$ 0,30 pela passagem.
E foi aumentando, aumentando, aumentando... E o serviço foi piorando, piorando, piorando...
Hoje pagamos R$ 2,20 pra andar num ônibus sem ar condicionado. E R$ 2,50 num com ar.O engraçado é que os de R$ 2,50 só circulam no inverno.
Não faz dois anos a Câmara dos Vereadores do Rio aprovou a prorrogação da concessão da maioria das empresas de transporte rodoviário urbano sem licitação. E cada uma dessas empresas tem umas três linhas que fazem o mesmo itinerário. Sei que pra bom entendedor meia palavra basta, mas nunca é demais ser textual: não há concorrência entre as empresas.
O metrô, vergonhosamente, tem duas linhas ridículas e há pouco tempo implantou um sistema de cobranças pelo qual você só pode comprar antecipadamente suas passagens se usar o metrô todo dia. Se não, corre o risco de perder o dinheiro gasto, porque o bilhete tem validade de dois dias.
Tudo isso, é bom dizer, pra esperar pelo menos quatro minutos entre uma composição e outra (em São Paulo, por exemplo, é um minuto de espera) e pelo menos quatro composições passarem pra você conseguir entrar numa lata de sardinha pra ir pra casa depois de um dia de trabalho.
Semana passada foi um desastre, e hoje parece que foi pior: inauguraram a linha direta Pavuna-Botafogo... mas os passageiros só iam até a Glória! Uma amiga minha ficou meia hora presa entre duas estações.
Isso sem falar naquele Riocard, que tem meia dúzia de postos de recarga e um recadastramento absurdo, que deixa aluno sem aula, idoso a pé e gestante com dor nas costas. E não falei dos cadeirantes... Em suma, disseram que o Riocard era pra facilitar a vida do cidadão, mas na prática mesmo só serve pra controlar a gratuidade.
E agora vem esta proposta de bilhete único intermunicipal do governo do Estado: R$ 4,40 (pasmem, já descontados os subsídios do Estado) pra andar em no máximo duas modalidades, com direito a no máximo duas viagens por dia com no mínimo uma hora de intervalo cada uma. Ou seja, se o sujeito quiser resolver suas pendências burocráticas, por exemplo, vai ter que pagar R$ 4,40 mais uma passagem de cada vez.
Depois perguntam por que esta cidade tá parada, por que a área portuária e a cidade nova estão abandonadas... Me explica como desnvolver economicamente uma cidade sem política de transporte público?
Afê!
Um comentário:
por questões corporativistas, eu trocaria o nome do post para politicômetro ;)
o sistema de transporte do rio é um horror, principalmente se considerado o seu preço.
Falta competição de verdade. Infelizmente, nesse caso e em alguns outros, ocorre uma espécie de monopólio natural. Impossível imaginar 2, quanto mais infinitas empresas de metrô, furando a cidade e concorrendo entre si.
Nesses casos, o papel da regulação é fundamental. Só que nossos reguladores e políticos são facilmente "capturados" por essas "empresas", que fazem o que querem, mesmo sendo uma concessão.
Aqui uma lista dos preços de transporte público em varias cidades do mundo
http://twitpic.com/photos/Baere
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