O outro

Mania humana: enxergar no outro o diferente. Exercer nele todo tipo de discórdia. E julgá-lo moralmente sem despir-se da própria moral. Ignorar suas qualidades, somente pelos seus defeitos. Fazer dele escravo do mundo. Ser-lhe indiferente. Encará-lo como pedra: o concreto que ergue "estranhas catedrais". E buscar em Deus legitimidade para isso.

sábado, 15 de agosto de 2009

Na Colômbia?

Parece que o Uribe tá colaborando pro discurso falso da guerra ao narcotráfico. E quem paga o pato? Amanhã, a Amazônia.

11 comentários:

bernardo disse...

não acho que o tema central ai seja a amazônia, embora certamente os EUA ganhem poder com uma base tão perto...

Acho que no pacote ai entra essa maluquice "america-latiniana" de reeleições infinitas, encabeçadas pelo ditador Hugo Chavez e sua corrida armamentista, que trouxe um claro desequilibrio para a região.

No mais, a amazõnia já paga o pato sendo destruida a cada dia para virar pasto pra gado e terra pra soja.

Fernanda disse...

É verdade que tem gente que também usa o discurso pró-Amazônia pra se perpetuar no poder. Mas isso não elimina a falácia do combate ao narcotráfico.

E se a Amazônia paga o pato hoje, pode ser pior amanhã.

bernardo disse...

não acho que a razão central seja o narcotráfico ou a amazônia.

Para mim os EUA buscam reestabelecer um suposto equilíbrio na região, gerado principalmente pela eleição de governos com forte pendor autoritário e que, no caso da venezuela, vêm se armando.

Fernanda disse...

Não por nada... Mas depois dizem que a teoria da conpsiração da na esquerda... rsrsrs

bernardo disse...

Juro que não entendi.
Hugo Chavez, Rafael Correa, Evo Morales... Pelo meu conceito de democracia, esses caras estão todos no lado b.

O Uribe ia entrando nessa onda também, mas até onde eu acompanhei ele parece que desistiu da idéia.

O Lula, não pelo espírito democrático mas pelo pragmatismo, não entrou na onda do PT que queria um 3º mandato.

Hugo Chavez vem se armando, isso é fato, não é conspiração. Aumenta os gastos do governo para comprar caças, fuzis, tanques. Se vai invadir alguém ou não, são outros 500. O que não altera o fato de que está se armando.
Hugo Chavez tem enorme influencia política na Bolivia, Equador, Argentina, Paraguai... Eu não tenho dúvidas de que o Chavez é muito mais influente na região que o Lula, por exemplo.

Nesse sentido, pra mim é claro que os EUA buscam entrar novamente no jogo político da América Latina. É por esse ângulo que vejo a questão. É uma disputa política, não militar. E por isso mesmo, a questão do narcotráfico ou da amazônia, passa ao largo de toda a discussão

Fernanda disse...

Não disse que Chávez é democrático. Só disse que a coisa vai muito além do que fazer o contrapeso dos governos autoritários da América Latina. A estratégia é idêntica à da década de oitenta.

Tati Bertolucci disse...

OiFefê, não queria meter bedelho na discussão alheia, mas sabe como é, as américalatinidades sempre me chamam a atenção...
Primeiro porque chamar de esquerda autoritária e colocar no mesmo saco chavez, evo e correa é bastante complicado. E por falar em colômbia o uribe pelo jeito também consegue aprovar sua reeleição mudando a constituição (autoritario?). Também em relação a Colombia, o país não se arma (mais, porque esteve se armando muito também) porque tem um acordo importante com o exército dos EEUU (isso não é uma maneira de se armar?).
as bases na colômbia vão afetar sim a questão amazônica, que é caminho do narcotráfico e é fonte pouco explorada de recursos naturais (digo pouco pelo potencial que tem).
E as bases colombianas com participação estadounidense (vamos, para chamar pelo nome politicamente correto) não teem função de estabilizar/equilibrar a região se não de desestabilizar ainda mais. Esse movimento dos EEUU já começou com a volta da quarta frota.
E claro que é uma disputa política (as disputas militares são políticas, não?). Disputa por uma região que por caminhos (discutíveis ou não) começa a rejeitar (ao menos em discurso) um intervencionismo que sempre existiu. E uma região que começa a esboçar pequenos (pequenos, insuficientes e muitas vezes equivocados) esforoços de alinhamento sem incluir aos EEUU.
A solução eu não sei qual é, mas que esse intervencionismo na região vai ser muito problemático, a isso vai... até porque, sempre foi.

Fernanda disse...

Falou com muito mais didática tudo aquilo o que eu pensava. Hehe... Beijos. Amo sempre!

Unknown disse...

PS: numa coisa eu concordo com o Barnardo: reeleição indefinida, não importa como, sempre enfraquece a democracia...

bernardo disse...

bueno....

Acho que a América Latina caminha vários passos para trás com essa questão das reeleições infinitas.
Não importa se é dos populistas autoritários que fingem levantar a bandeira da esquerda como Evo, Correa ou Chavez, ou se é de um aliado americano como o Uribe.

Sem entrar em maiores polêmicas, acho que enxergar segundas ou terceiras intenções em relação ao território ou soberania da amazônia nessa questão das bases militares é enxergar coisa demais (e pelo que entendi foi esse o tema do post - e que eu tentei rebater).

Isso porque, como eu falei e a Tati também escreveu lá no final do post dela, a questão é política, em função justamente do surgimento de lideranças que rejeitam a influência norte americana na américa latina.

Fernanda disse...

Continuo achando que não enxergar é ingenuidade...