Nasceu pros idos de 1920/1930. Filho de italianos imigrantes, teve uma infância feliz, embora pouco farta. “Muito dessa felicidade, Giuseppe diz, era porque eu já sabia do meu talento deeeeeeesde cedo!”
Boleiro nato. Melhor: goleiro nato. Branco (houve época em que isso era requisito), alto – muito alto para os padrões esportivos da época: uns 2m. Ombros e costas bem largos. Braços na mesma proporção. Físico perfeito para a posição.
Começou cedo e logo estava nas categorias profissionais. Hoje ele se orgulha do feito: “Não fui um Pelé, mas fui um bom goleiro. Bom o suficiente para contar histórias por aí”.
Bom mesmo. Lembra-se do Poy? O Rogério Ceni da década de 50, ele mesmo. Pois é, Giuseppe era reserva do Poy. Não tem mesmo motivos para não se orgulhar.
Ainda adolescente, conheceu uma moça (hoje, diríamos, menina). Casou logo, devia ter seus 22 anos.
Tereza era linda! “Ah!, essa mulher... Sem ela não teria sorrido metade das vezes em que sorri na minha vida!” Tereza foi, e é, sua grande paixão. Deu a ele três filhos: dois homens e uma mulher. Com idas e vindas, todos deram orgulho ao casal: profissão, casamento, netos...
A mais velha, Maria, sempre foi a mais centrada. Tal pai tal filha, encontrou cedo o grande amor de sua vida: Marcos Pedro. Com ele deu o primeiro neto a Giuseppe. Com ele construiu um lar. Não um lar só para cinco, mas para muitos. Sim, porque nele também cabia toda a família de Marcos Pedro, que tinha seis irmãos, quatro com filhos.
Ah!, o natal naquela casa... Lá se entendia o mais puro significado do natal! Os filhos e sobrinhos tinham, ali, pelo menos duas mães: a verdadeira e a Maria. E também ganhavam de quebra o pai ranzinza e carinhoso que era Marcos Pedro.
Em torno deles, reuniam-se todos. Todos em torno da mesa deles, na casa deles, que afinal era de todos. Mesmo quem não acreditasse em Deus ali acreditava: esqueciam-se as brigas, renovavam-se as preces, celebrava-se o bem e divertia-se muito. Entregeva-se à música e à dança... no videoquê preferencialmente. E, se práticávamos a gula, também repartíamos o pão.
Boleiro nato. Melhor: goleiro nato. Branco (houve época em que isso era requisito), alto – muito alto para os padrões esportivos da época: uns 2m. Ombros e costas bem largos. Braços na mesma proporção. Físico perfeito para a posição.
Começou cedo e logo estava nas categorias profissionais. Hoje ele se orgulha do feito: “Não fui um Pelé, mas fui um bom goleiro. Bom o suficiente para contar histórias por aí”.
Bom mesmo. Lembra-se do Poy? O Rogério Ceni da década de 50, ele mesmo. Pois é, Giuseppe era reserva do Poy. Não tem mesmo motivos para não se orgulhar.
Ainda adolescente, conheceu uma moça (hoje, diríamos, menina). Casou logo, devia ter seus 22 anos.
Tereza era linda! “Ah!, essa mulher... Sem ela não teria sorrido metade das vezes em que sorri na minha vida!” Tereza foi, e é, sua grande paixão. Deu a ele três filhos: dois homens e uma mulher. Com idas e vindas, todos deram orgulho ao casal: profissão, casamento, netos...
A mais velha, Maria, sempre foi a mais centrada. Tal pai tal filha, encontrou cedo o grande amor de sua vida: Marcos Pedro. Com ele deu o primeiro neto a Giuseppe. Com ele construiu um lar. Não um lar só para cinco, mas para muitos. Sim, porque nele também cabia toda a família de Marcos Pedro, que tinha seis irmãos, quatro com filhos.
Ah!, o natal naquela casa... Lá se entendia o mais puro significado do natal! Os filhos e sobrinhos tinham, ali, pelo menos duas mães: a verdadeira e a Maria. E também ganhavam de quebra o pai ranzinza e carinhoso que era Marcos Pedro.
Em torno deles, reuniam-se todos. Todos em torno da mesa deles, na casa deles, que afinal era de todos. Mesmo quem não acreditasse em Deus ali acreditava: esqueciam-se as brigas, renovavam-se as preces, celebrava-se o bem e divertia-se muito. Entregeva-se à música e à dança... no videoquê preferencialmente. E, se práticávamos a gula, também repartíamos o pão.
Passados os anos, aposentado Giuseppe, ele já não era tão alto. A idade já o fazia curvar-se diante das pessoas. Mas continuava com saúde de atleta e, mesmo com o “encurtamento de altura”, era preciso dobrar para trás o pescoço se alguém quisesse travar com ele um diálogo de olhares sinceros.
A esposa, também contando seus setenta e poucos anos, desenvolveu habilidades e descobriu alguns hobbies. Crochê era o principal. As famílias todas não cansavam de encomendar colchas, blusas, casacos, calças... E ela não cansava de presentear os netos, e agora bisnetos, com seus badulaques manufaturados.
Certo dia, Giuseppe nos assustou.
“No hospital?!”
“Sim, operando o coração.”
Mas tudo ficou bem. Pena que naquele natal ele não pôde estar no nosso querido lar. Acabou ficando em casa. Não pela cirurgia, que havia sido "um sucesso", disse o médico, e não exigiu pouco mais que alguns meses de recuperação. O fato é que, por dado motivo, ele não estava conosco naquela ceia.
Não por isso ele deixou de ligar. Maria atendeu:
-- Oi, pai! Tudo bem?
-- Tudo bem, minha filha, feliz natal!
-- Pra vocês também, pai!
-- Filha, este é o natal mais feliz da minha vida.
-- Rogo, papai, mas por quê?
-- Deus achou que marcaria um gol em mim, mas Ele se esqueceu...
-- Esqueceu-se de quê?
-- Que eu jogo na lateral esquerda, minha filha...
Os olhos de Maria desaguaram.
Marcos Pedro partiu alguns anos depois, antes de Giuseppe, e deixou saudades...
Um comentário:
sem palavras... simplesmente sem palavras...
minhas pelo menos.
entretanto dizem que os natais continuarao sendo naquela casa, naquela mesa, com aquelas familias e que aqueles dois, que se fizeram em tantos, continuarão sendo dois, ainda que um não esteja. Quanto ao Giuseppe, parece que continua na lateral esquerda, batendo um bolão e enquanto puder joga os 90 minutos da partida, mas não perde pra Deus...
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