Sabe, andei descrente do mundo. A moça do morro passou por mim, me deu bom dia, como vai? Fui muito bem até ver a prece em agradecimento por esta “água que eu levo para a casa”. A casa... A casa engraçada, não tinha teto, não tinha nada. E a filha da moça cruzou no meio da conversa, cruzou a linha no telemarketing, me deu bom dia, como vai? e, no fim do dia, não soube abrir o mesmo sorriso, depois do milésimo palavrão burguês e da milionésima açoitada patronal. A moça deu sermão, minha filha, agradeça a Deus, nosso Pastor, pelo emprego que tem. A moça disse: agradeça, não é qualquer um que tem a oportunidade de ouvir palavrões e de ser açoitado! A moça não sabe por que o mundo é assim. Só sabe que é. Ponto. “E agradeça, viu?” Foi então que fiquei descrente do mundo. Andei descrente desde então...
O outro
Mania humana: enxergar no outro o diferente. Exercer nele todo tipo de discórdia. E julgá-lo moralmente sem despir-se da própria moral. Ignorar suas qualidades, somente pelos seus defeitos. Fazer dele escravo do mundo. Ser-lhe indiferente. Encará-lo como pedra: o concreto que ergue "estranhas catedrais". E buscar em Deus legitimidade para isso.
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2 comentários:
confesso que já não sei o que é ficção e o que é realidade no seu blog ;)
é...
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