O motorista era diferente. Guiou-o, com a voz, até o assento preferencial do coletivo. Mas a excepcionalidade mesmo veio em esperá-lo sentar antes de dar partida.
No curto percurso de quinhentos metros conservaram sobre sabe-se lá o quê, e logo o ônibus parou, com o freio de mão puxado.
Enquanto me preparava para sair pela porta traseira, o motorista abriu também a dianteira, para onde me dirigi preocupada com o fato de aquele velhinho estar à mercê da ajuda de uma única pessoa.
- O problema é que o mercado fica do outro lado da rua. – disse o motorista.
- Sem problemas. Por favor, me leve até a calçada. Ali consigo alguém para me ajudar a atravessar.
Logo me intrometi e me ofereci a me aventurar.
Não havia sinal de trânsito. E levá-lo até um seria ainda mais perigoso, com aqueles passinhos de formiga.
Ele me viu. Sei que me viu, quando me perguntou se me importaria caso acendesse um cigarro. Tanto me viu, que compreendeu que não fumo.
Respondi que tudo bem.
E ali ficamos esperando os vários momentos em que os carros estavam ao longe, mas não o suficiente para atravessarmos com os passinhos de formiga.
Quando o toco de cigarro caiu ao chão, alma do bem percebeu nossa dificuldade e se dispôs a ajudá-lo.
E ele estava em melhores mãos quando o deixei...
Um comentário:
Opa, só pra deixar registrado que não comento, mas sempre estou lendo seu blog. Muito bom mesmo! Abs!
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