O outro

Mania humana: enxergar no outro o diferente. Exercer nele todo tipo de discórdia. E julgá-lo moralmente sem despir-se da própria moral. Ignorar suas qualidades, somente pelos seus defeitos. Fazer dele escravo do mundo. Ser-lhe indiferente. Encará-lo como pedra: o concreto que ergue "estranhas catedrais". E buscar em Deus legitimidade para isso.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

O avião do anjo Gabriel

Numa das cem ou cento e cinqüenta viagens que fiz a São Paulo no último ano e meio e dezoito dias, passei no Laselva e comprei um Gabriel. E me senti renovada! Memória de minhas putas tristes foi engolido, devorado, devassado (sem trocadilhos) em menos de duas horas - o tempo do vôo atrasado até o momento em que as luzes do avião acendem, os avisos de atar cintos apagam e a aeromoça diz: "O uso de aparelho celular somente será permitido a partir de sua chegada ao saguão do aeroporto", sabe? Falando em avião, a bela adormecida do amigo de Rosa Cabarcas me lembrou muito O avião da bela adormecida, do mesmo anjo Gabriel que me entreteve durante os curtos minutos que passei entre a sala de embarque do Santos Dumont e a pista de Congonhas antes do procedimento de portas. Mas me lembrou mais mesmo eu mesma com minha própria leitura. O velho tinha feito noventa anos. Se eu tenho vinte e três, por que também não posso me apaixonar assim por um livro, mesmo depois de me prostituir às novelas e às peças teatrais globais mais insólitas que já se viram? E me apaixonei assim, pela memória das putas tristes dele... o que não me impede de me apaixonar de novo, certo?!

Um comentário:

Anônimo disse...

Gatuchilda.