No escritório, umas dezessete horas, talvez dezoito. Toca o telefone:
- Boa tarde, Dra. Fernanda?
- Boa tarde.
- Meu nome é Fulana e sou da Fundação Getúlio Vargas, que está abrindo novas turmas de MBA em Direito este ano, inclusive com facilitação de pagamento, parcelando o investimento em trinta vezes. A Sra. estaria interessada em receber as opções de curso por e-mail?
Fiquei pasma: imaginem que a FGV, a despeito de eu nunca ter passado nem pela sua porta nem ter tido contato com qualquer pessoa que trabalhasse ou estudasse naquele lugar, sabe que eu acabei de me formar! E, pior, eles têm o meu número de celular!
Tá, tudo bem que a informação chegou incompleta. Se soubessem que enveredo mais para o crime, não me ofereceriam MBA em business law. Também se soubessem que não tenho o menor interesse em programas de curso de cunho exclusivamente mercadológico e que, pelo contrário, tenho horror a esse tipo de abordagem, não se arriscariam a perder tempo me ligando.
Ainda assim, fica a dúvida: QUEM VENDEU MEUS DADOS?!
Vejam o menu de opções:
1 - Banco Real - quando preenche o contrato de abertura de conta corrente universitária, você informa ao banco a sua previsão de formatura.
2 - Mercure Eventos - empresa de relações públicas que organiza simpósios, palestras e seminários, inclusive na área jurídica, cujos formulários de inscrição pedem a sua formação e, se você ainda estiver na universidade, perguntam em que período da faculdade você está.
3 - Curso Glioche - o curso preparatório para concursos mais barato que existe no Rio de Janeiro. Também pergunta a sua formação e o período da faculdade.
4 - Sueth - empresa organizadora da festa de formatura (seria o cúmulo!).
5 - Um funcionário da UFRJ?
6 - ... Não faltam opções ...
A idiota aqui ainda forneceu o e-mail para receber as informações sobre os cursos. Nem pensou que podia ser vendido também.
Que fazer nesse mundo, viu?!