Saudade...
Coisa estranha assim só pode mesmo existir num único lugar do mundo. Nos outros, i miss you, te extraño, je sens son manque; nunca sinto saudade.
Porque ela é assim mesmo, de fazer o homem ignorar a etimologia certa, aquela que se encaixa assim, como luva para as mãos do que ele sente. E seria mesmo a saudade essa palavra? Seria mesmo a saudade o que se sente?
Saudade, coisa estranha... Daquelas que te pegam num fim de tarde chuvosa e você não sabe por quê; que te tomam numa véspera de reveillon e você não sabe o que fazer...
Amor, ódio, compaixão, pesar, tristeza não são assim. São matemáticos, taxativos: você sente por quem, quando, quanto e onde, tudo certo! Saudade, não. Você só sente e, de repente, muda o quanto; de repente, muda o onde, tanto foi o quanto que você a sentiu... E só aí descobre de quem sente saudade, e o quando nunca!
Saudade, coisa estranha... Não existe mesmo em lugar algum do mundo. Mas no mundo todo i miss you, te extraño, je sens son manque. No mundo todo, a saudade.
O outro
Mania humana: enxergar no outro o diferente. Exercer nele todo tipo de discórdia. E julgá-lo moralmente sem despir-se da própria moral. Ignorar suas qualidades, somente pelos seus defeitos. Fazer dele escravo do mundo. Ser-lhe indiferente. Encará-lo como pedra: o concreto que ergue "estranhas catedrais". E buscar em Deus legitimidade para isso.
terça-feira, 23 de setembro de 2008
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